sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O mp3 torna a audição igual às pessoas de 60 anos


Há cada vez mais adolescentes portugueses com graves problemas de surdez. Os médicos garantem que muitos dos casos se devem ao uso exagerado de aparelhos para ouvir música.

Há cada vez mais jovens a procurar ajuda médica por apresentarem um nível de audição muito fraco, igual ao de uma pessoa com 60 anos. A causa é conhecida: ouvir música no MP3 com um volume muito elevado, explicaram vários especialistas ao DN.

Para contrariar esta tendência, os médicos defendem que os fabricantes produzam aparelhos com limitadores de volume e a inclusão de um folheto com alertas para o risco de surdez em caso de uso prolongado. A surdez é irreversível e pode afectar entre 2,5 e 10 milhões pessoas em toda a Europa.

João Marta Pimentel, presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia, explica que os aparelhos de MP3 têm um sistema que limita a fuga de som, por isso, a intensidade que atinge o ouvido interno é muito maior. "Dá-se uma fadiga das células auditivas, o que faz com que os jovens aumentem ainda mais o volume, levando assim à surdez", .

João Paço, otorrinolaringologista, alerta: "O uso e abuso de MP3 faz com que jovens tenham um envelhecimento da audição igual a uma pessoa com 60 anos." Daí que o clínico defenda a inclusão de "um folheto informativo com os riscos e a explicar as complicações decorrentes da falta de audição".

A União Europeia já impõe limites de 100 decibéis para os aparelhos de música para uso pessoal, mas os fabricantes não estão limitados a esse valor. Ainda assim, os médicos garantem que a partir de 80 decibéis o ruído começa a ser traumático.

O relatório encomendado pela Comissão Europeia foi bastante claro: quem ouvir música acima dos 80 decibéis, durante uma hora, todos os dias, tem uma grande probabilidade de ficar surdo após cinco anos.

João Marta Pimentel ressalva que "depende muito da susceptibilidade de cada um ao ruído". No entanto, não esconde que "têm aparecido cada vez mais jovens nas consultas com problemas auditivos".

O facto de estes aparelhos serem utilizados na sua maioria por crianças e jovens aumenta os riscos, uma vez que são os menos informados e atentos aos perigos, segundo os médicos. Neste sentido, os médicos contactados pelo DN defendem a realização de uma campanha de sensibilização nas escolas. Também as associações de pais estão preocupadas com o uso generalizado de MP3. Ainda que seja proibido durante as aulas, é cada vez mais comum ver as crianças e jovens acompanhadas por este aparelho. A educação e o uso moderado devem ser as apostas. Albino Almeida, presidente da Confap (Confederação Nacional das Associações de Pais), considera que "tudo o que é em excesso faz mal".

http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1148144

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